quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Danos materiais (ou morais?)

Como sabem e apesar de ainda não ter sido publicado o respectivo e já mítico post - qual D. Sebastião - (já nem nos vamos dar ao trabalho de pedir mais desculpas mas temos a certeza há de aparecer um dia), na regata Lagos - Funchal, entre vários revezes que a equipa sofreu houve um que se destacou: Já perto do Funchal partiu-se o apoio da retranca (boca de lobo) sem qualquer razão forte o suficiente que o justificasse.

Ao ler o diário de bordo de Genuíno Madruga (o tal homem do mar que se encontra neste momento num veleiro algures a meio do Oceano Índico a dar a volta ao mundo em solitário e que já referimos aqui ), houve uma entrada que associei de imediato ao que nos tinha acontecido na nossa (mini) travessia e que passamos a reproduzir:


Dia 14 de Setembro 2008 - 01h00 UTC
POSIÇÃO: 16.17 Sul, 086.57 Este
ESTADO DO TEMPO: Vento Leste 15 a 20 nós, mar cavado c/ondulação SSE 2 a 3
metros, céu encoberto, aguaceiros
TEMPERATURAS: Água= 26.1, Ar=25.2
DISTÂNCIA ATÉ MAURÍCIA: 1686 milhas

OCORRÊNCIAS: Durante a noite vários peixe-voador cairam no Hemingway. Continuam difíceis as comunicações via radio em HF. Nada de Pescaria.

Faz hoje 7 anos que próximo desta posição o Hemingway ficava sem mastro e sem velas! Recordo e sempre hei-de recordar de aquando da entrega do barco, ter perguntado se aqueles cabos tão finos de
diâmetro, entre os 7 e 8 mm, eram suficientemente resistentes para segurarem o mastro. Claro que prontamente me responderam que sim, que eram...Todavia minhas dúvidas continuaram e de dúvidas passaram a triste e quase fatal ocorrência - NO MEIO DO ÍNDICO O HEMINGWAY FICOU SEM MASTRO!

Felizmente que tudo acabou em bem, não pela segurança do meu barco ou melhor do mastro, mas sim devido aos conhecimentos que adquiri durante tantos anos no mar. A maioria dos construtores, para fazerem face à concorrência (julgo eu) evitam despesas e custos em tudo, até na segurança!!! Hoje, como jé é do vosso conhecimento, os brandais do Hemingway, os que vão até quase ao topo do mastro, são em 2, e os primeiros passaram de 8 para 10 mm. Para ré há 2 estais, para a proa também 2 sendo que 1 é o enrolador da genoa que anteriormente era o único a segurar o mastro para vante...

Hoje recordo com a mais profunda tristeza o que senti naquele dia ao ver o barco dos meus sonhos sem mastro e sem velas, qual pássaro sem asas!

Com um grande abraço, desde o Índico, 1000 milhas a SE de Diego Garcia,
Genuíno Madruga.

No mínimo, dá que pensar....
felizmente no nosso caso eram só 500 milhas. Um passeio até ali, “portantos”.

Mais uma vez, a melhor das sortes e dos ventos a este navegador, cuja viagem acompanhamos atentamente.
(Para quem ainda não conhece, pode espreitar aqui )

A equipa Blaus

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