sábado, 11 de outubro de 2008

Puerto Calero

77 Horas de mar depois... finalmente chegámos!

Antes de mais gostaria de agradecer todas as mensagens de apoio, á viagem, participação nesta prova e particularmente ao meu aniversário.

Fazendo um pequeno resumo da viagem:

1º Dia – 07/10: Saímos de Lagos às 13:30h, rumo 208 com 550 milhas pela frente. Foram as 24h mais calmas desta viagem, o vento manteve-se de proa e bastante calmo, não permitindo navegar à vela. As primeiras horas serviram para arrumar o barco, pois esta partida “apresada” não deixou muito tempo para grandes preparações!

2º Dia – 08/10: Ao nascer do dia içamos a vela grande, mais pelo efeito estabilizador do que propriamente pelo rendimento, uma vez que o vento continuava de proa e fraco. Desde Lagos que trazíamos a cana a “trabalhar”, após duas ameaças fracassadas (1 limo e um cabo a flutuar), a cana deu sinal de vida! Após uma luta sangrenta de várias horas (pronto foi calmo e durou pouco!!!), apanhámos um belo exemplar da espécie Dourado! Dado o tamanho deste bicho, a nossa pesca acabou por aí, pois tínhamos peixe para o resto da viagem.

O vento rodou a norte e começou a subir ao longo do dia, permitindo içar a genoa durante a manhã, utilizando o pau de spi para fazer o efeito de “Borboleta”. Finalmente motor desligado! Uma vez que o vento continuou a subir chegando pela 1ª vez aos 25 - 30 nós, optamos por arriar a genoa e rizar a grande durante a noite. O que não foi uma manobra fácil! Valeu a destreza e sangue frio do Carlos, para ir à proa sozinho (arnês colocado!) arrumar a vela, enquanto eu fazia leme e segurava na aderiça e na lanterna, visto as baterias estarem a perder potencia e não carregarem. Resolvido o problema das velas, e continuando sem baterias, começamos a ficar um pouco preocupados pois, a noite já ia longa e as ondas nesta altura já chegavam aos 4 metros o Carlos já não fazia leme, piloto automático estava sem potencia e o nosso cansaço começava a acusar! Durante umas horas, enquanto eu seguia ao leme, o Carlos tirou um curso superior sobre a instalação eléctrica do Cariu!!! De pouco serviu, pois a solução do problema, foi encontrada de forma casual e quando as nossas expectativas quanto à resolução deste problema eram muito baixas. Enquanto o Carlos mexia no motor pela 55 vez, reparou que quando mexia num dos cabos a luz do carregador automático de baterias acendia! Mau contacto no interior da peça! Resolvido este problema podemos descansar um pouco.


3º Dia – 09/10: O amigo Eolos, sabendo do meu aniversário decidiu dar-me as condições para bater o meu recorde pessoal de velocidade e não me dar descanso! Durante a noite e manhã o vento e o mar continuaram a subir, estabilizando o vento nos 30/35 nós e as ondas com 5/6 metros. Fazíamos 180 graus ao vento, tornando a navegação com o piloto muito arriscada. Quando chegou a minha vez de descansar, optamos por orçar para os 130/150 graus durante 2 ou 3 horas. O dia foi de recordes, apesar de navegarmos apenas com a grande rizada, mantínhamos velocidade media no 10/12 nós com pontas médias de 15/16 e eventualmente batendo nos 20 nós!!! Durante a noite, o vento chegou aos 40 nós permitindo fazermos a fantástica velocidade de 21.9 nós (Não chegámos para os 25.3 da Margarida ao leme do Cidade de Faro! L)!!! Mais uma “muito” longa noite. Uma vez que continuávamos a fazer 180 graus ao vento, apenas podíamos ligar o piloto se orçassemos para os 130/150 graus, mesmo assim com muita dificuldade aguentava o mar que estava, permitindo apenas descansar 1 hora. Continuamos assim, amurados a bombordo durante todo a noite mantendo a média referida de velocidade e descanso! Durante a madrugada e dado o cansaço optamos, por navegar de forma constante nos 150/160 graus ao vento, evitando o risco da cambadela, passando o nosso rumo a não ser directo. Valeu-nos a musica de Mafalda Veiga a tocar mais alto que os nossos maus pensamentos.

4º Dia – 10/10: Cerca da 5 da manhã, quando chegamos aos cerca de 50 graus para o rumo cambamos (viramos de bordo!) e finalmente podemos descansar pois navegávamos a 120 graus ao vento, e o piloto já conseguia manter o rumo, apesar de as condições continuarem adversas. Ficámos bastante surpreendidos connosco próprios, por termos concretizado esta proeza de encontrar a Ilha (Lanzarote), no meio do mar! Foi um momento de alegria, realização pessoal e muita chuva! Chegamos a terra pelas 18:30h.

Apesar de todas as dificuldades, que acabam por ser normais nestas situações, a sensação que fica é de mais uma grande experiencia bem sucedida, testando a nossa resistência física e psicológica. Sendo inevitável a sensação de realização no final. Agora é tempo de pensar na regata e preparar o barco.


5 comentários:

Tânia Alcaravela disse...

Estou sem palavras. Ainda estou a digerir o que li.

Mas o vosso ar de satisfação é inacreditável... (com algum nervozinho miudinho à mistura)

Bjs grandes aos meus 2 velejadores.

Anónimo disse...

epá que emoção!!!!!
obrigada pela dedicatória, mas os 25.3 ainda estão por ultrapassar, eheheheh!!!!!!!
estou a torcer por vocês, aqui nesta selva que é a cidade de lisboa :((((
beijinhos****

Miguel disse...

Lindo! Gostei muito.

Estes dois cromos estão de parabéns! Não é para qualquer um.

Um abraço e boa sorte

Miguel

Nuno Sakana disse...

Bom....Antes de mais, PARABENS... Pra variar o cabrão do telefone esqueceu-se de avisar, mas tá-se bem.
De resto, boa sorte pro Campeonato e k, pelo menos, tragam muitos truques novos daí e, se for possivel, um excelente resultado, para lá da participação k já é uma vitória...
Por fim, como devem imaginar, prefiro não tecer mais comentarios ao destino k mais uma vez me vai fazer ficar em casa, espero k este rode 180º pro ano.

Um abraço,

Nuno

MaNu disse...

meus queridos carlos e luis que bom ver-vos nessas aventuras e mais uma vez fico cheia de "inveja" por nao ter tido oportunidade na vida para fazer o que voces fizeram com esse espirito de coragem e tanta simplicidade nessa luta. PARABÉNS e para mim voces ja são os campeões. bjossssssssss tia manela