quarta-feira, 12 de março de 2008

Farol

Os faróis (sem malícia) exercem fascínio nas pessoas. São estranhos misteriosos, discretos, silenciosos e vigias permanentes. É preciso observar e dar tempo para perceber plenamente a sua magnitude e beleza.

Claro que ajuda o facto de estarem quase sempre em sítios isolados, imponentes e únicos, tanto em promontórios, falésias e cabos sobre águas com fama de temperamento violento como em praias ou mesmo no meio do mar.

Por outro lado, a ideia de lá viver alguém que se situa entre o ermita da montanha, o filósofo e o marinheiro, sozinho e exposto às forças dos elementos, que gostamos de pensar que é um velho lobo do mar que fuma cachimbo, tem barbas brancas e acena aos barcos que por ali passam, completa o quadro romântico.

Por estes motivos, os faróis são frequentemente cenário de filmes, séries, livros, reportagens, fotografias ou desenhos, sejam eles de que género forem. A verdade no entanto é que cada vez mais servem para esses fins “terrestres” e menos para a sua verdadeira vocação: O mar.

É curioso ver que a maioria das pessoas, encara o farol como um excelente mirador, um objecto virado para e enquadrado pelo mar que dá uma belas fotos ou gravuras, sendo a sua imponência tão forte que frequentemente nos esquecemos que é o oposto. Serve para ser visto do mar e guiar quem por lá navega.


Hoje com o GPS e restantes instrumentos de navegação, é indiscutível que prevalece cada vez mais a sua vocação terrestre e menos a marítima. Afinal os faróis do sec. XXI são as torres de radar e os satélites; foram desaparecendo os faroleiros (que normalmente não estavam tão sozinhos como gostamos de imaginar) e os faróis que continuam a funcionar só têm lá dentro máquinas e coisas automáticas. Temos que confessar que isto estraga o romantismo da coisa.

Apesar disso, lá vão servindo a sua função, quanto mais não seja para as pequenas embarcações de pescadores ou de recreio ou mesmo os puristas da navegação e românticos do mar… não acredito que qualquer pessoa fique indiferente ao ver a luz de um farol à noite após uma qualquer travessia marítima.
Calculo que quanto mais longa a viagem e pior o tempo, mais acolhedora se deve tornar essa luz.

... E em última análise, para o caso de falharem todos os instrumentos de navegação, é reconfortante saber que eles ali continuam. Quanto mais não seja para nos receberem à chegada.



Farol da Ilha do Farol


Por tudo isto e algo mais, fica aqui a homenagem a estes fascinantes monumentos.

A equipa do Blaus

P.s Numa ciber-navegação destinada a encontrar uma fotografia especifica (de um farol no meio de uma tempestade) que sempre me fascinou e acabei por não encontrar, tropecei neste blog: "Ali há terra..." .... e gostei muito. Tanto que inspirou este post e conduziu ao roubo de 2 imagens de lá. Para quem se interesse por estes “faróis”, recomendo uma visita com tempo e que explorem o seu conteúdo. Vale a pena.

P.s 2. Só é pena que, para além do Farol que dá o nome à ilha, não exista nenhum no Cabo de Santa Maria. Era um belo cenário para um.

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá e obrigada :)
Passei por aqui a correr, hei-de voltar com mais calma para ver o que se diz e escreve por aqui!

Miguel disse...

Bem vinda Sara.

Miguel