É a pensar em todos os nossos ilustres visitantes, que se irão cruzar connosco nestas águas da blogosfera (Sei que toda a gente gosta de utilizar estas analogias do mar, mas penso que mais que ninguém temos o direito de as fazer!), fica aqui uma apresentação do nosso projecto.
Blaus 3, porque esse é o nome do veleiro que utilizamos.
Este projecto nasceu à cerca de 4 anos, devido a um conjunto de factores que possibilitaram tornar realidade um sonho comum a alguns dos actuais membros da equipa. Esse sonho caracterizava-se essencialmente, numa abordagem diferente na gestão da equipa e respeito por todos os intervenientes. Principalmente os próprios tripulantes!
O factor determinante foi a oportunidade única de adquirir um excelente veleiro, por um valor especialíssimo. Por isso devo deixar aqui um agradecimento muito especial ao nosso amigo e adversário Filipe Santos (mais conhecido por Gold).
Ser treinador de vela no Ginásio Clube Naval há mais de 10 anos, tornou mais fácil a constituição da equipa. Actualmente cerca de metade dos velejadores são ex-atletas e os restantes velejadores de outras classes ou velejadores de cruzeiro, anteriormente sem uma tripulação fixa (iremos aprofundar este assunto num post posterior).
Reunidos estes factores, demos inicio a esta aventura que nos tem divertido imenso e dado muitas alegrias!
Não existe um código de conduta oficial, mas se existisse seria qualquer coisa como:
1. Todas as regatas são para ganhar!
Queremos com isto, mostrar respeito pelo desporto da vela.
2. Todas as regatas são para ganhar!
A melhor forma mostrar respeito pelos nossos adversários, é darmos o nosso melhor em todas as regatas que participamos.
3. Todas as regatas são para ganhar!
Levamos os nossos patrocinadores, muito a sério.
4. Todas as regatas são para ganhar!
Porque nos dá gozo.
O Blaus 3 é constituído por uma excelente equipa de velejadores. Acredito mesmo que o grande segredo desta equipa é o verdadeiro “amor à camisola” que existe entre todos. Para nós a vela é um desporto rei. É importante salientar que não somos uma equipa profissional, alguns trabalham outros estudam, mas todos temos um grande espírito de sacrifício, pois abdicamos de muito do nosso tempo livre e em família, para treinar e participar na longa época desportiva. Um muito obrigado para todas as nossas famílias, que bem merecem.
Orgulhamo-nos de sermos a equipa que somos, livres de espírito, verdadeiros amantes da vela, extremamente competitivos mas sempre com um enorme respeito pelos adversários. Não sabemos ser de outra forma.
A competição é para nós muito importante, mas sabemos lidar com ela de uma forma saudável. O toque de largada é o ponto alto de todas as regatas, pois a concentração está no máximo. É muitas vezes aqui que se decidem as grandes regatas. Mas o momento mais relaxante é, sem dúvida, a chegada. Mas desenganem-se se pensam que o trabalho termina aqui. No Blaus todos se entreajudam para arrumar o material e velas. Nada fica por fazer.
O espírito Blaus está tão presente no mar como em terra. Todos nos reunimos, à volta de uma mesa, acompanhados pelas nossas “boas e belas” cervejas Sagres, um dos nossos grandes patrocinadores, e aí discutimos, analisamos e dissecamos até à exaustão os erros, as manobras bem feitas, o que poderia ter sido feito para melhorar algumas manobras, onde ganhamos ou perdemos a regata. Somos uma das tripulações com uma postura mais descontraída em terra, no entanto, dentro de água somos provavelmente a tripulação mais concentrada, esforçada e com um enorme espírito de auto crítica.
Essa postura descontraída em terra, juntamente com o facto de aceitarmos as nossas derrotas como erros nossos, possíveis de corrigir, nunca atribuindo os nossos erros a factos externos nem a fundamentar ou participar em discussões de abonos ou outros detalhes técnicos, e sobretudo pelos excelentes resultados que temos obtido, leva a que sejamos algumas vezes mal compreendidos! Será possível sermos menos sérios, com os resultados já demonstrados? Penso que enquanto não nos tentarem compreender, nunca poderão encarar a vela como nós realmente a encaramos…
A época desportiva tem normalmente início com a Semana Internacional do Carnaval em Vilamoura, terminando em Outubro com as Regatas de St.ª Iria entre Faro e Tavira. Como barco de regata que é o Blaus, o fundo (casco ou obras vivas: é a parte do barco que se encontra abaixo da linha de água) tem que estar sempre impecavelmente limpo. Por isso tiramos o barco da água normalmente 2 vezes, uma apenas para lavar o fundo, e outra para a manutenção geral. Aproveitamos habitualmente os meses de Fevereiro, Março e Abril para realizar esta manutenção mais profunda. Como os apoios financeiros não abundam, somos nós próprios que realizamos a manutenção necessária, aí contamos com os conhecimentos que cada um de nós possui para realizar as operações necessárias: Manutenção do motor, lixar e pintar o fundo com tinta antifulling (tinta especial que evita o aparecimento de algas ou outros organismos) entre outras pequenas reparações que vão surgindo. Para além destas duas operações, mergulhamos antes de qualquer regata para limpar o fundo.
Penso ter iniciado aqui uma “breve” descrição da nossa equipa (eu sei, alonguei-me um pouco, peço desculpa!), vou tentar ao longo dos próximos post, falar um pouco mais do nosso mundo, aquilo que nos motiva e algumas experiências que vivemos…
Depois de muitas horas de trabalho, tanto no estaleiro como na velaria, o Blaus 3 aparece para a época de 2005 com o visual melhorado. O novo logotipo, a famosa linha azul com muito "sineto", as novas velas "home made" da Doyle Sails e o patrocínio das Águas do Algarve marcam a nova imagem da equipa. 
